2004/08/23

praias

1

na praia lá do Guincho as velas
de windsurf saltam sobre as ondas
e o meu olhar, equestre,
pula nos peitos das banhistas, enquanto
um cahorro tenta agarrar a cauda.

nos feriados tudo é insuportável
menos o sol e o mar
apesar das famílias.
e sustento as gaivotas na mais alta
imaginação, porque hoje não vi nenhuma,

o vento traz de tudo
de antónio nobre e lorca às pandas roupas
que modelam os corpos em míticas figuras
com o seu drapejado esvoaçante,
entre dunas e lixo e vendedores de gelados.

restaria o campo, mas
«no campo não há bicas nem paperbacks»
diz uma amiga minha e tem razão.
que seria de nós, bucólicos, sem esses
indicadores da alma? dou

lume a uma italiana e enquanto
ela agradece ocorre-me que despi-la já não é
cosa mentale; faz-me lembrar o algarve, mas no verão
o algarve é a continuação
da política por outros meios. antes

a rudeza atlântica do guincho, antes
a nortada, os surfistas,
na crista da onda, a areia que entra no poema,
e o regresso mais cedo, quando já não se
aguenta.
(Vasco Graça Moura)

2004/08/17

Big Discoveries


saturno moons

2004/08/13

Guincho
A view from Fortaleza do Guincho.


WAITING AND WAITING...
While we wait and wait for our new baby boy, the quiet Lisbon, the busy Cascais and Estoril inspire us.


Lisboa e o Tejo, Carlos Botelho (1899 - 1982)

O Velho olha o Tejo
O velho olha o Tejo
Só encontra passado
O futuro este estranho
Custa-lhe caro.

O velho procura restos
Que o Tejo lhe lança às mãos
Procura o pão
O futuro, não o alimenta.

O velho é solidão
Uma sombra esguia na areia
Seu futuro é miragem, não oásis.

O velho namora o Tejo
Companheiro de todos os dias
Sua lápide, o futuro.
(Ozias Filho in Poemas do Dilúvio)

2004/08/05

Arte de rua

Keith Haring na Culturgeste, visita obrigatória.


"Untilted" 1981
Ink on offset litho
38,5 x 26,75 inches
(© San Jose Museum of Art)

HENRI CARTIER - BRESSON (Siphnos), Greece 1961
Gelatin Silver Print, cm 30 x 40,
Firmata in margine ad inchiostro dall'autore

The Road Not Taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

(Robert Frost)

Experimentar, inovar, arriscar, assumir compromissos... termos fora de moda neste Portugal pequenino e sem rumo.

2004/08/04

Drum & Space
Calcutta Cyber Cafe (Talvin Sight)
1996


Drum and bass, citar and tabla, ambient moods with exotic and cool sounds. Very appropriate for the lazy times we live in.

VIRUS & WARMS
Uma questão de reconhecimento... foram as razões que apresentou Sven Jaschan de 18 anos, a propósito dos motivos que o levaram a desenvolver e disseminar os "worms" Sasser e Netsky bem como as suas variantes.

Hoje as empresas e organizações estão altamente dependentes dos seus sistemas de informação, em particular do serviço de email, pelo que o impacto destas nocivas linhas de código é tremendo. A palavra chave é Segurança.

A segurança começa na robustez do código das aplicações e acaba na conduta dos utilizadores, como sempre, os seus comportamentos são elemento crucial na qualidade e integridade da informação que circula na rede, sob várias formas e em particular por email. Estudos recentes indicam que uma em cada onze mensagens de email contém um vírus.


Sven Jaschan procurava o reconhecimento e consideração dos seus pares, muito prosaico para o impacto da sua acção, uma rapazito de 18 anitos algures na Alemanha provoca tremendo impacto e prejuízo all over! Outros lhe seguirão, infelizmente.

A TEMPESTADE
A tempestadae é horrível
Não há nada mais medonho.
Parece mesmo impossível
'Spectáculo tão tristonho.

A tempestade é do inferno
Pois no céu não a pode haver,
Ela é do rei do Averno
Que de Deus não pode ser!
(Mário de Sá-Carneiro, 1903)

Depois dos calores a tempestade, também nas ideias precisávamos de uma tempestade... elas são purificadoras e desanuviam o ambiente.